Prevenção de Impactos em Desastres Naturais -Como Gestores de Segurança podem ajudar na prevenção: Lições da Catástrofe no Rio Grande do Sul

Prevenção de Impactos em Desastres Naturais -Como Gestores de Segurança podem ajudar na prevenção: Lições da Catástrofe no Rio Grande do Sul

A recente catástrofe no Rio Grande do Sul trouxe à tona a importância da preparação e da prevenção no enfrentamento de desastres naturais, algo que de certa forma no Brasil não costumamos ter como padrão em todas as empresas, ou até mesmo em administração pública. Gestores de segurança desempenham um papel crucial na mitigação dos impactos dessas catástrofes. Este artigo explora como esses profissionais podem contribuir de forma significativa para a prevenção de impactos em desastres naturais, baseando-se em dados atualizados e nas lições aprendidas com a recente tragédia no sul do Brasil, além de comparações com práticas internacionais.

A Situação no Rio Grande do Sul

Desde abril de 2024, o Rio Grande do Sul enfrenta uma das piores enchentes de sua história. Fortes chuvas, combinadas com a falta de infraestrutura adequada e planejamento, resultaram em inundações que afetaram milhares de pessoas, destruindo casas, infraestruturas e causando perdas econômicas significativas. Segundo dados do governo estadual, mais de 50 mil pessoas foram deslocadas, e os danos econômicos superaram os milhões. Além disso, centenas de pessoas perderam a vida, e milhares ficaram feridas.

Como Explicar a situação e Impactos em Desastres Naturais?

Como nós, gestores de Segurança/Risco podemos ajudar na Prevenção de Impactos em Desastres Naturais?

PF/Divulgação

O Papel dos Gestores de Segurança

Planejamento e Avaliação de Riscos
Os gestores de segurança devem realizar avaliações de risco detalhadas para identificar áreas vulneráveis a desastres naturais. Usando ferramentas de mapeamento e análise de dados, eles podem prever quais regiões são mais propensas a inundações, deslizamentos de terra e outros desastres. No Brasil, a falta de mapeamento detalhado é um desafio, enquanto países como o Japão utilizam sistemas avançados de GIS (Geographic Information System) para monitorar áreas de risco em tempo real. Por exemplo, a cidade de Kobe, no Japão, que sofreu um terremoto devastador em 1995, investiu em tecnologia de mapeamento e infraestrutura resiliente, reduzindo significativamente os danos em eventos subsequentes. No Brasil, um estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que mais de 8,2 milhões de brasileiros vivem em áreas de risco de desastres naturais.

Desenvolvimento de Infraestrutura Resiliente
Investir em infraestrutura resiliente é fundamental para mitigar os impactos dos desastres naturais. Isso inclui a construção de sistemas de drenagem eficientes, reforço de barragens e diques, e a criação de espaços de retenção de águas pluviais. Em comparação, os Países Baixos (Holanda) são um exemplo notável de gestão hídrica. Após as inundações de 1953, o país implementou o Delta Works, um sistema de proteção contra enchentes que é considerado uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Esse projeto reduziu drasticamente o risco de inundações em uma área onde cerca de 60% do território está abaixo do nível do mar. No Brasil, iniciativas como a construção de piscinões em São Paulo têm mostrado resultados promissores, mas a escala e a manutenção ainda são desafios. A cidade de São Paulo, por exemplo, investiu cerca de R$ 1 bilhão em projetos de drenagem urbana entre 2010 e 2020.

Educação e Treinamento da População
A conscientização da população é um aspecto vital da prevenção de desastres. Programas de treinamento e campanhas educativas podem preparar os cidadãos para responderem de maneira eficaz em situações de emergência. No Japão, escolas realizam exercícios de evacuação regularmente, ensinando crianças desde cedo a lidar com terremotos e tsunamis. Nos Estados Unidos, a FEMA (Federal Emergency Management Agency) realiza campanhas de conscientização e treinamentos comunitários. No Brasil, a Defesa Civil realiza campanhas, mas a abrangência e a frequência dessas iniciativas podem ser ampliadas para alcançar mais pessoas. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a implementação de programas educativos pode reduzir o impacto de desastres em até 30%.

Implementação de Sistemas de Alerta Precoce
Sistemas de alerta precoce são essenciais para avisar a população e as autoridades sobre a iminência de desastres naturais. Gestores de segurança devem garantir que esses sistemas estejam operacionais e sejam capazes de disseminar informações de forma rápida e eficaz. Em países como o Japão, sistemas de alerta de terremotos e tsunamis são capazes de emitir alertas segundos antes do impacto, salvando milhares de vidas.

Na Índia, o Sistema de Alerta de Ciclones tem reduzido significativamente as fatalidades ao avisar as populações costeiras com antecedência. No Brasil, a implementação de um sistema de alerta eficiente ainda enfrenta desafios tecnológicos e de coordenação, mas esforços estão sendo feitos para integrar tecnologias de previsão meteorológica com sistemas de comunicação de emergência. Um exemplo de sucesso é o sistema de alerta de deslizamentos em Petrópolis, que, após a tragédia de 2011 que matou mais de 900 pessoas, tem conseguido reduzir significativamente as fatalidades em eventos subsequentes.

Coordenação e Resposta Rápida
Em situações de desastre, a coordenação eficiente entre diferentes agências e níveis de governo é crucial. Gestores de segurança devem estabelecer planos de resposta que incluam a mobilização rápida de recursos e a coordenação de esforços de socorro.

Durante o furacão Katrina nos Estados Unidos, a falta de coordenação entre as agências de resposta resultou em atrasos e confusão. Em contraste, a resposta ao terremoto e tsunami de 2011 no Japão foi marcada por uma coordenação exemplar entre o governo, militares e organizações não governamentais.

No Brasil, a resposta à tragédia no Rio Grande do Sul mostrou a necessidade de melhorar a coordenação entre as esferas federal, estadual e municipal, além de fortalecer parcerias com ONGs e setor privado. Em 2023, o Brasil implementou o Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID), que visa melhorar a coordenação e resposta a emergências.

Comparações Internacionais e Lições Aprendidas

Japão: Após o terremoto de Kobe em 1995 e o terremoto e tsunami de 2011, o Japão implementou medidas rigorosas de construção e planejamento urbano, além de um sistema de alerta precoce sofisticado. A educação e os treinamentos constantes são práticas fundamentais que poderiam ser adotadas no Brasil. O Japão investiu cerca de ¥20 trilhões (aproximadamente US$ 200 bilhões) na reconstrução após o terremoto e tsunami de 2011.

Holanda: A experiência holandesa com gestão hídrica após as inundações de 1953 é um exemplo de como a infraestrutura resiliente e a engenharia avançada podem mitigar desastres. Investimentos em infraestrutura e manutenção contínua são áreas onde o Brasil pode aprender e aplicar. O projeto Delta Works custou cerca de €5 bilhões (aproximadamente US$ 6 bilhões) e tem protegido milhões de pessoas desde sua conclusão.

Estados Unidos: A FEMA atua como um modelo de coordenação e resposta rápida. A integração de tecnologias de comunicação e a mobilização eficiente de recursos são práticas que podem ser adaptadas e implementadas no Brasil para melhorar a resposta a desastres. Após o furacão Katrina, os Estados Unidos investiram mais de US$ 120 bilhões em reconstrução e melhorias em infraestrutura e sistemas de resposta a emergências.

Conclusão

A tragédia no Rio Grande do Sul destaca a necessidade urgente de uma abordagem proativa na gestão de desastres naturais. Gestores de segurança têm um papel vital a desempenhar, na Prevenção de Impactos em Desastres Naturais, desde a avaliação de riscos até a implementação de medidas preventivas e de resposta. Investir em infraestrutura resiliente, educação da população e sistemas de alerta precoce são passos fundamentais para minimizar os impactos de futuras catástrofes. Ao aprender com os eventos recentes e comparar práticas internacionais, podemos construir uma sociedade mais preparada e resiliente.


Referências:

E você Gestor de Segurança, alguma vez pensou na nossa importância no dia a dia em situações de catástrofes naturais? Ja participou de algum projeto de Prevenção de Impactos em Desastres Naturais? Me diga! A ideia do post é ajudar a disseminar a ideia de prevenção!

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